quinta-feira, 20 de maio de 2010

Ano Santo Compostelano - Ano Jubilar

Ano Santo ou Jubilar é um ano especial em que a Igreja concede graças espirituais aos fiéis. Compostela goza do privilégio especial graças à Bula Papal, concedida por Calixto II, grande benfeitor da Igreja Compostelana. Este privilégio, mais tarde confirmado por Alejandro III, consiste em cada ano que o dia 25 de Julho, dia do Apóstolo Santiago, coincida com um domingo, poderão os católicos “ganhar” na Catedral de Santiago de Compostela, as graças do Jubileu. Tal facto sucede numa cadência regular de 8-7-8-13 anos, equivalente a dizer que em cada século se celebram 16 anos Jacobeos.
.

Para ganhar o Jubileu é preciso cumprir algumas condições: visitar a Catedral de Santiago, mais precisamente o Túmulo do Apóstolo; rezar uma oração por intenção ao Papa e receber os sacramentos da penitência e da comunhão, além do que se recomenda assistir à celebração da Eucaristia. A verdadeira graça do Jubileu, caso sejam cumpridas todas as condições, é a indulgência plenária. Ou seja, todo fiel, havendo cumprido as condições exigidas, pode gozar para si próprio ou transferir para entes falecidos, as indulgências, tanto parciais como plenárias, o que em suma significa, o perdão dos pecados.

O advento do Ano Santo, confere à peregrinação a Santiago de Compostela importância qualitativa e quantitativa, comparada por alguns cronistas árabes da Idade Média, com a peregrinação muçulmana à Meca.

Desde a sua instituição em 1122, houve até 1999, 116 Anos Santos Compostelanos. De entre todos, 2 foram “extraordinários”, os de 1885, proclamado mediante a Bula "Deus Omnipotens", de Leon XIII com motivo da "autentificação apostólica" dos restos corpóreos de Santiago que se fez na ocasião, e o de 1938, que embora não tenha sido em realidade um Ano Santo Compostelano, houve excepcionalmente uma prorrogação do Jacobeo de 1937 para que os espanhóis beligerantes na guerra civil que assolou o país entre 1936 e 1939, impedidos pelas circunstâncias bélicas de gozá-lo, tivessem a possibilidade de o fazer.

Todo o Ano Jubilar se inicia com a solene cerimónia de "abertura da Porta Santa", que se realiza na tarde de 31 de Dezembro do ano anterior. Na cerimónia o Arcebispo de Santiago derruba uma parte externa da Porta, com três golpes, um pequeno muro de pedras, que mantém fechada a chamada "Puerta Santa", situada atrás da Catedral, na Praça da Quintana. Tal Porta, talhada no final do século XV, servirá, desde sua abertura, para a entrada ritual dos peregrinos no Santuário, sendo que o primeiro deles leva a Cruz Episcopal. A partir deste momento ela permanecerá aberta durante todo o Ano Santo, até 31 de Dezembro em que será novamente murada. Durante este período em que permanecer aberta milhões de peregrinos, numa interminável continuidade histórica de onze séculos, com inequívoca projecção de futuro, farão certas as palavras que podem ser lidas em cartazes no Caminho, que exibem duas figuras românicas ao lado da Porta Santa, em seu interior: "VENIENT OMNES GENTES ET DICEN GLORIA TIBI DOMINE".