domingo, 19 de setembro de 2010

Em tom de "Reflexão"... by Paulo Alves

A Caminho de Santiago de Compostela em bicicleta ou como ficar com uma história para toda a vida...

... Apesar de pomposo, o título deste pequeno texto é redutor. Redutor porque foram tantas as sensações, foram tantas as emoções, foram tantas as alegrias que - mesmo passados todos estes dias - ainda me encontro numa encruzilhada emocional quando o meu pensamento relembra esta Aventura. E escrevo com maiúscula Aventura pois foi disso mesmo que se tratou. Os 4 dias foram o culminar de muitos mais em que - desde Julho de 2009 - se tratou de construir esta realidade. Ora bem, os amigos João Valente e Fernando Micaelo lançaram-nos o desafio de escrever algo mais pessoal acerca desta Aventura:

"O que foi para vós o Caminho? O que vos fez pensar? O que sentiram ao chegar à Catedral? Sei lá... partilhem um pouco do vosso sentir!" Mas antes, escolher apenas "A" foto entre algumas 1000 que tirei, e que essa foto represente um pouco aquilo que foi a Aventura é também um desafio. Após ver, olhar, observar, relembrar... escolhi esta:
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Para mim, o Caminho foi partilhar.

Partilhar emoções.

Uma gargalhada, uma situação caricata, subir a Labruja e todas as Labrujinhas, descer algumas escadas e muitos trilhos, sofrer com o sofrimento do próximo.

Partilhar a mesa. Nada melhor que um grupo de amigos à volta de uma mesa bem recheada e falar sobre as Aventuras.

Partilhar pequenos nadas. Trocar olhares cúmplices - sem dizer uma palavra - como que a dizer "Cá estamos, é real, estamos no Caminho!"

Partilhar a solidão. Apesar de irmos em grupo, por vezes dava por mim a pensar na solidão interior. À nossa volta vão mais 11 pessoas a pedalar e estamos ali, no grupo, sós com os nossos pensamentos. Acredito que - por vezes - muitos de nós tenhamos passado por este estado.

O Caminho fez-me pensar a sorte que temos em ter um grupo assim. Amigos assim. O Caminho fez-me pensar nos milhares de Peregrinos que já passaram pelo Caminho e nos milhares que ainda irão passar. Cada um com a sua vontade e motivação própria. O Caminho fez-me pensar em voltar ao Caminho.

O chegar à Plaza do Obradoiro foi o culminar de mais de um ano de troca de 4.839.256 e-mail´s e 12.039.165 de tentativas para reunir o pessoal antes de dia 3 de Agosto de 2010. Agora mais a sério, quem lá esteve acho que sentiu uma emoção muito forte. Eu senti. Ao chegar lá, ao nosso destino, significava que tínhamos cumprido o nosso objectivo mas - por outro lado - significava o fim desta Aventura.

Os 4 dias que passámos vão ficar para sempre na minha memória.
ULTREIA...

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Em tom de "Reflexão"... by Teresa Martins

Não é fácil descrever o que significou para mim percorrer a Via Lusitana (Caminho Português) até Santiago de Compostela. Tratou-se de uma experiência única, que quero repetir, algo que dificilmente se consegue num grupo de doze pessoas, e nós conseguimo-lo.

Vivi e senti cada momento, diverti-me imenso e ri com aqueles a quem decidi juntar-me, desfrutei da sua companhia o máximo que pude e consegui. Experimentei uma sensação de liberdade única que o Caminho me proporcionou, esqueci as futilidades que nos rodeiam no dia-a-dia, desvalorizei os pontos fracos e valorizei os pontos fortes de todos nós, pois entre o grupo, formávamos um todo.

Amei a Labruja. Estar sentada na Cruz dos Franceses, rodeada por um pedacinho da vida de tantos outros que por lá tinham passado, fez-me sentir parte integrante de todos eles, mesmo não os conhecendo. Adorei termos conquistado em conjunto aquela que diziam ser a mais terrível conquista, a subida da Labruja, e gozei de toda a descontracção que aquele momento me proporcionou. Talvez por tudo isto, tenha sido este o meu momento favorito naqueles quatro dias.

A chegada a Santiago foi a concretização de um objectivo comum, e fiquei feliz por todos o termos conseguido sem problemas. Gostei da Catedral, belíssima e imponente. No entanto, desagradou-me o lado demasiado comercial que Santiago de Compostela tem, especialmente nesta altura do ano.

Aos meus queridos companheiros, Obrigado. Muito Obrigado pela vossa fantástica companhia e boa disposição: Alziro, Norberto, Mário, João L., Óscar, Carlos, João V., Mike, Roberto, Paulo, Rita e Sr. Cabaço.

Voltaria a repetir o Caminho Português, com o mesmo grupo ou com outro, mas o espírito teria que ser o mesmo: descontracção, boa disposição, respeito pelas diferenças, entreajuda, amizade. Soube a pouco, e voltaria a percorrê-lo como se fosse a primeira vez.

Para aqueles que se atrevam a experimentá-lo, ou voltem a percorrê-lo, apenas lhes desejo: Buen Camino!

Teresa Martins